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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

história da Bruxaria


Histórias da Bruxaria

O Culto da Bruxaria e outras Tradições de Mistérios floresceram até o século IV, quando os primeiros cristãos saquearam e destruíram templos pagãos e proibiram a prática de ritos. Em 324, o imperador Constantino decretou que o cristianismo passaria a ser a religião oficial do Império Romano. Templos pagãos foram destruídos ou convertidos em igreja cristãs. Gradativamente, com o passar dos anos, os costumes pagãos foram absorvidos pelo cristianismo, e a Antiga Religião passou a ser desertada pela população, passando a existir apenas nas sombras. Somente pequenos grupos de pessoas se reuniam nos antigos locais para celebrar os ritos sazonais, pois a maioria temia os fanáticos cristãos, apesar de os habitantes de vilas e cidades ainda consultarem a bruxa local buscando curas e auxílio mágico.

No Sul da Europa, certas regiões ainda se atinham fortemente à Antiga Religião. A Toscana, no norte da Itália, era provavelmente o maior centro de paganismo, seguida de perto pela região do Benevento no centro baixo da Itália. Com o tempo, entretanto, até mesmo esses focos de resistência sucumbiram ante o poder da Igreja cristã. Em 662, um sacerdote cristão chamado Barbatus tentou, em vão, convertê-lo. O imperador Constans II levantou cerco a Benevento, ameaçando aniquilar sua população. Barbatus recebeu a promessa do imperador de que a cidade seria poupada se seus habitantes renunciassem ao paganismo. Romualdus concordou com essas condições. Em 663 Constans levantou seu cerco e Barbutus foi escolhido bispo de Benevento. Os locais de culto pagão foram destruídos e o cristianismo substituiu oficialmente o paganismo.

No norte e no oeste da Europa, a Antiga Religião sofreu intensa perseguição. Os antigos deuses pagãos locais ainda eram cultuados em pequenas aldeias, e muitos povoados possuíam uma sábia ou um sábio entendido em ervas e encantamentos. A igreja atacou violentamente esses indivíduos, rotulando-os de agentes de Satã e utilizando os versos bíblicos contra eles, o que resultou em sentenças de morte por prática de bruxaria
.

Tudo
 o que sobreviveu das crenças, cultos e práticas pagãs foi julgado demoníaco e eliminado pela teologia e pela lei cristã. O Sínodo de Roma em 743 baniu quaisquer oferendas ou sacrifícios a deuses ou espíritos pagãos. O Sínodo de Paris, em 829, emitiu um decreto advogando a execução de bruxas, feiticeiras, etc., citando as passagens bíblicas do Levítico 20:6 e do Êxodo 22:18. o mais antigo julgamento resultando em pena de morte ocorreu em 102 em Orleans, França, Execuções de bruxas ocorreram desde 1100, mas a prática não era aceita até 1300. A primeira execução na Irlanda foi a da Dama Alice Kyteler, em 1324. o primeiro julgamento público , na França, aparentemente ocorreu em 1335, envolvendo uma certa Anne-Marie de Georgel.

Um dos mais antigos exemplos de legislação secular contra a bruxaria foi instigado no século XII por Rogério II, rei normando das Duas Sicílias. Ele afirmou que o preparo de poções do amor, funcionando ou não, era crime. Em 1181, o Doge Orlo Malipieri de Veneza também editou leis punindo poções e magia. Apesar de a bruxaria
 ser um crime punível oficialmente por todo o século XIII, a febre das bruxas do norte da Europa não atingiu o sul da Europa até uniformizar o início do século XV.

Bulas papais, como a editada por Inocente VII em 1484, transformaram a perseguição às bruxas numa epidemia descontrolada. Nos primeiro ano após sua publicação, 41 pessoas forma queimadas em Como, Itália, após as diligentes investigações dos Inquisidores Dominicanos. Em 1510, 140 bruxos foram queimados em Brescia e 300 mais em Como três anos depois. Em Valcanonia, 70 pessoas foram queimadas e o Inquisidor declarou ter outras 5.000 sob suspeita. A Alemenha assistiu a mais de 6.000 execuções e os números totais da Europa Setentrional são estimados em 50.000 durante o período da Perseguição, França e Inglaterra efetuaram menos de 2.000 execuções, enquanto a Europa Oriental totalizou aproximadamente 17.000.

Em 1951, o Parlamento da Inglaterra revogou as últimas leis contra a bruxaria. Pouco tempo depois, surgiu na Grã-Bretanha uma renovação do Culto. Em 1954 e 1959, Gerald Gardner publicou seus livros, Witchcraft Today e The Meaning of Witchcraft (Macmillan, 1922), que revelaram muito acerca da real natureza do Culto. O próprio Gardner eras um bruxo inglês, e muito fez para mudar a imagem dos bruxos influenciada pelo cristianismo. Por mais estranho que pareça, os ritos revelados por Gardner contêm muitos aspectos da bruxaria
 italiana. O nome italiano Aradia surge no Sistema inglês, junto ao texto originalmente em italiano chamado The Charge of The Goddess.

Dois homens cujas pesquisas exerceram grande influência sobre Gerald Gardner foram Charles Leland e James Frazer. Leland estudou e pesquisou a bruxaria
italiana no final do século XIX e Frazer foi notabilizado por sua pesquisa acerca da relação entre magia e religião. Ambos eram autores com obras publicadas; Leland escreveu Aradia – Gospel of the Witches, além de Etruscan Magic & Occult Remedies (University Books, edição de 1963), e Frazer escreveu The Golden Bough (Macmillan, 1922), que foi, por muitos anos, um clássico na área.

Muitos dos elementos da Wicca, como relatados por Gerald Gardner, podem ser encontrados nos primeiros trabalhos de Leland e Frazer. A conhecida Sagração à Deusa, por exemplo, origina-se claramente do texto italiano encontrado em Aradia – Gospel of the Witches, de Leland, escrito quase meio século antes da versão Gardneriana. A prática cerimonial de bruxos realizarem encontros ao natural, o culto a uma Deusa e um Deus, e a prática da magia também são anteriores aos escritos de Gardner e são mencionados em Aradia – Gospel of the Witches (publicado em 1890). Tratei extensivamente desse tema em meu livro Ways of the Strega (Llewellyn, 1995), apresentando abundante documentação histórica corroborando essa idéia.

Durante os anos 1950 e 1960, a Wicca cresceu e se desenvolveu em partes da Europa, nos Estados Unidos e na Austrália. Surgiram muitas revistas Wiccanas e neopagãs, criando uma rede para a comunidade pagã. Dois dos mais bem-sucedidos periódicos eram Green Egg e Circle Network News, os quais ainda hoje são publicações importantes. Outras, como The Crystal Well, Harvest e The Shadow’s Edge forma periódicos importantes em sua época. A Wiccan Pagan Press Alliance (WPPA) serve atualmente como sistema de rede e apoio para escritores e revistas na comunidade pagã.

Durante o final da década de 1960, a Wicca oferecia uma espiritualidade alternativa a uma nova geração, e muitos dos que se envolveram com o movimento hippie desaguaram na Wicca. A Wicca era menos severa e dogmática do que os sistemas judaico-cristãos ainda dominantes nos anos 60. Isso oferecia grandes atrativos a uma geração que já vinha questionando a sociedade e as instituições que a apoiavam.

A Wicca também atraiu aqueles que haviam sofrido emocionalmente com o establishment e a Igreja, em razão de estilos de vida alternativos ou pontos de vista não-convencionais. Após o movimento hippie, que ensinara amor e individualidade, surgiu o movimento da Nova Era. Esse movimento introduziu o uso de cristais, freqüências de ondas mentais, alienígenas e tudo
 o mais que surgisse. Talvez mais do que qualquer outra, a mensagem enfocada pela Nova Era enfatizava o Self, a Individualidade. Não eram os mesmos ensinamentos acerca da individualidade dos anos 60; era muito mais abrangente e difuso.

A década de 1980 talvez tenha assistido às mais significativas mudanças até agora. A filosofia da Nova Era germinou na Wicca e encontrou solo fértil na mente aberta de seus praticantes. Em pouquíssimo tempo, muitas crenças Wiccanas foram modificadas e alteradas para acomodar uma nova geração. Essa década assistiu também a uma abundante produção de livros sobre a Wicca e outros assuntos correlatos. Novas tradições surgiam lá e cá, todas com uma idéia diferente ou um novo enfoque. Essa década desviou o foco das antigas tradições Wiccanas em favor de sistemas ecléticos.

Agora, na década de 1990, temos visto a crescente popularização dos boletins computadorizados tais quais os fornecidos por servidores como Compuserve e Americana OnLine (AOL). Esses serviços oferecem um fórum para que os Wiccanos e neopagãos possam discutir uma variedade de tópicos e formular e responder perguntas. Alguns assinantes formaram Cyber Covens, celebrando rituais on-line através do modem dos computadores. Pessoalmente, tenho minhas reservas quanto ao assunto, mas é interessante observar essa evolução moderna da Wicca.

Por causa de algumas das modificações dentro da Wicca moderna, muitos dos antigos praticantes passaram a utilizar o termo Witch (Bruxo) em vez de Wiccanos para descrever a si mesmos. Esse fenômeno passa a ser especialmente curioso quando se considera que há não muito tempo muitas dessas mesmas pessoas preferiam utilizar o termo Wiccano em razão da incompreensão do público quanto ao verdadeiro significado do que seja um Bruxo. O uso atual desse termo aparentemente indica um desejo de ser identificado como praticante de um sistema de crenças mais antigo e tradicional. Atualmente, a Wicca é formada em grande parte por tradições autogeradas fortemente fundamentadas em material eclético. Quando alguém se intitula Wiccano hoje, pode ser que se identifique com um sem-número de crenças ou práticas que um outro Wiccano não necessariamente aceitaria.

Quando descrevo a Wicca atual como uma religião da Nova Era, se comparada à Wicca de algumas décadas atrás, acodem-me algumas impressões. A Wicca é como uma árvore, e quer me parecer que as Antigas Tradições Wiccanas são as raízes. As novas Tradições Wiccanas são como as flores que se renovam na primavera, e talvez essa Nova Era seja mais uma primavera. A fragrância das flores difere da fragrância da madeira da velha árvore na qual elas crescem. Talvez a fragrância das flores seja a emanação do espírito da árvore, a essência do que a árvore produz.

Para que uma árvore floresça e continue a produzir flores e sementes, ela necessita de um sistema seguro de raízes para nutrir os novos brotos. É muito fácil nos deliciarmos com as flores enquanto esquecemos da planta como um todo. As raízes de uma planta a sustentam em condições adversas. Em muitos casos, a planta pode aparentemente desaparecer, mas a raiz sob o solo restabelecerá a planta novamente em condições ideais. Temo que, atualmente, o objetivo principal da comunidade Wiccana seja o de produzir belas flores, e que o conhecimento da árvore como um todo esteja se perdendo.

Se pudermos unir equilibradamente as novas e as velhas tradições, asseguremos que a sabedoria e o conhecimento de nossos ancestrais sobreviverão com o que nós, por nossa vez, temos a transmitir a nossos próprios descendentes. Nós somos os antigos Wiccanos de amanhã, e espero que nossa coragem e dedicação a essa antiga religião nos traga o mesmo respeito perante nossos descendentes, do mesmo modo que nós honramos os valorosos homens e mulheres que sobreviveram à Inquisição.

O que os antigos Wiccanos preservaram com suas vidas? Uma coleção de encantos e rituais? Seria apenas um confortável conjunto de crenças pré-cristãs que eles preferiam? Não – o que eles protegiam era, isso sim, uma mentalidade e uma espiritualidade. Os instrumentos e as chaves para o entendimento, através do qual os mistérios podiam ser acessados, eram mais importantes do que suas próprias vidas. Eles estavam protegendo as raízes da árvore.

Um de meus professores certas vez me disse que, se não temos nada pelo que valha a pena morrer, então não temos nada pelo que valha a pena viver. Será que arriscaríamos nossas vidas atualmente para proteger nossos Livros das Sombras se condições como as da Inquisição ainda existissem? Será que realmente compreendemos o que era tão precioso aos nossos ancestrais Wiccanos? Há uma velha história sobre um grupo de bruxos que caminhou mar adentro rumo à morte para não ser apanhado pela Inquisição. À medida que avançavam na água, eles entoavam os nomes sagrados da Deusa, até que a última de suas vozes foi silenciada sob as ondas. Esses eram bruxos que compreendiam os mistérios.

A Wicca é como uma árvore com ramos abertos, fornecendo abrigo e alimento a todos os que em sua sombra buscam refúgio. A primavera restaura o crescimento que surge sob os galhos, e da velha madeira da árvore surge então seu fruto. Ocultas sob isso tudo
 estão as raízes que suportam a árvore, mantendo-a de pé. Se essas raízes são bem alimentadas, a árvore floresce. Se as raízes não recebem coisa alguma, conseqüentemente a árvore fenecerá e tombará com o passar do tempo. As raízes da árvore que hoje chamamos Wicca necessitam de nossa atenção. Vamos nos deter e cuidar de nosso antigo jardim. 

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